terça-feira, 17 de julho de 2012


Amarga Ilusão

Ana Vera Lemos
 Aquele sonho vinha se repetindo havia muito tempo. Reni passou a mão pelos olhos antes de espreguiçar-se languidamente. Pela cortina entreaberta da janela penetrava um princípio de claridade da manhã. Consultou o relógio. Ainda lhe restava pouco mais de uma hora de sono, antes de ter que se levantar. Espreguiçou- se mais uma vez, apanhou um cigarro sobre a mesinha ao lado da cama e acendeu- o. As imagens do sonho voltaram a dançar ante seus olhos que fitavam a fumaça azulada que subia e desaparecia no ar. Como explicar aquele sonho? Algum prenuncio? Alguma frustração? A idéia da frustração agigantou-se em seu cérebro. Analisou-a, mas tinha que afastá-la. Afinal, uma jovem de vinte e três anos, com um bom emprego, em que poderia se sentir frustrada? Mas a imagem era por demais nítida e se repetia com insistência, noite após noite. A cinza do cigarro caiu sobre o cobertor fazendo- a levantar- se rapida­mente para tirá-la dali. Reclinou- se novamente, mas seus pensamen­tos voltaram para uma conversa que tivera com seu namorado. Ele a havia convidado para uma viagem à Bahia, sozinhos. Reni não aceitara por causa do serviço. Roberto, seu namorado, era um jovem e dinâmico engenheiro recém- formado. Habilitara- se a um concurso e conseguira aprovação. Ia fazer um estágio e aproveitar para um passeio. Ele insistira para que ela fosse, mas Reni recusara. Não sabia que aquela decisão mudaria totalmente a sua vida.

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